Faz cerca de meia hora que terminei a leitura de Toque de Veludo, da autoria de Sarah Waters, e ainda estou sem ar. O motivo é simples: foi o primeiro livro que me fez chorar. Então, como é o terceiro livro da Waters que leio, nada como trazer um combo.
Sarah Waters nasceu no Reino Unido, e é na Inglaterra vitoriana que ela ambienta seus livros. As protagonistas são sempre mulheres, e o tema principal são romances lésbicos, assunto que é abordado com delicadeza, mas sem deixar de ir direto ao ponto.
Toque de Veludo (Tipping the Velvet) foi seu trabalho de estréia, lançado em 1998. Conta a história de Nancy Astley, que é, provavelmente, minha protagonista favorita até hoje. Nancy vive em uma pequena cidade litorânea, e se distrai indo aos espetáculos teatrais. Até que conhece uma artista em ascensão, Kitty Butler, que se apresenta vestida de homem, e se apaixona perdidamente. E, no começo, é quase impossível não se apaixonar também por Kitty. Nancy e Kitty vão juntas para Londres, e logo se envolvem, ao mesmo tempo que Nancy também passa a se apresentar em vários Music Halls, junto com Kitty, e as duas se tornam famosas. Mas Kitty começa a se sentir perturbada pela possibilidade do público descobrir que ela é lésbica, e, sendo uma babaca, abandona Nancy. Mas esse é só o comecinho da história, que tem uma centena de altos e baixos, e quando você sente que Nancy finalmente vai começar a se dar bem, e parar de sofrer, algo ruim acontece. E o final é de tirar o fôlego, simplesmente não conseguia parar de ler... Ah, o romance é ambientado na Inglaterra, no final do século XIX, e tem várias referências culturais legais, como o princípio do feminismo, o sufrágio feminino, e a própria questão da homossexualidade na época. Ainda não assisti o filme baseado no livro, mas a crítica não é ruim.
Na Ponta dos Dedos (Fingersmith) é a obra mais famosa de Waters. Foi publicado em 1999. Conta a história de Sue Trinder, uma orfã que cresceu em meio a ladrões em Londres. Com a ajuda de um gatuno, Gentleman, passa a ser uma espécie de camareira de Maud Lilly, que é herdeira de uma grande fortuna. O plano é que Gentleman, com a ajuda de Sue, iria seduzir Maud, de forma a tomar seu dinheiro, e Maud seria encarcerada em um manicômio.
Mas o plano começa a dar errado quando Sue se apaixona por Maud, e fica sem saber que atitude tomar. O livro não foca diretamente na questão do romance homossexual - menos do que Tipping the Velvet - mas, como o outro, tem muitas reviravoltas. Como é narrado ora por Maud, ora por Sue, sabemos de alguns segredos que uma esconde da outra, e que são cruciais. E o final é extremamente surpreendente, sério, genial.
Fingermith também tem um filme, mas, particularmente, acho a adaptação cinematográfica muito "fria", não dá pra acreditar que Sue e Maud realmente se gostam no filme, bem diferente da impressão que o livro passa.
Ronda Noturna (The Night Watch) foi o primeiro livro que li da Sarah Waters, e foi por ele que me apaixonei primeiro. Conta a história de Londres na época da Segunda Guerra, e foca em quatro personagens, Helen, Viv, Duncan e Kay, que tentam sobreviver em meio ao cenário que se desenrola ao seu redor. Inicia em 1947, passa a 1944, e finaliza em 1941, aonde entendemos a origem de alguns dos dramas.
Helen e Kay são homossexuais, e vivem, em certo momento da história, um romance escondido. Duncan é só um garoto, que é preso porque seu melhor amigo se suicidou, mas logo notamos que ele perdeu muito mais do que um amigo. E Viv é irmã de Duncan, e se apaixona por um homem casado. É uma história dramática, com uma atmosfera pesada, mas que mostra o como o amor pode existir mesmo com tanta tristeza ao redor.
Waters ainda é autora de Afinidade (1999), Estranha Presença (2009) e The Paying Guests (2014), que ainda não foi lançado no Brasil.
Eu dei cinco estrelas para todos os livros no Skoob, e, dos que li, meu favorito é Toque de Veludo (até porque estou emocionada com o final dele ainda). E vale muito a pena, mesmo quem nunca leu um romance lésbico, ou até mesmo quem não é muito fã de romances, afinal, as histórias vão muito além disso.
Acredito que só é um requisito, para apreciar a literatura de Sarah Waters gostar de histórias ambientadas na Inglaterra não contamporânea, afinal a autora tem um capricho enorme com elementos que se relacionam, em especial, com a época vitoriana, causando uma sensação enorme de viagem no tempo.
Então, por hoje é isso. E fiquem de olho na nossa página do Facebook!
Queria muito ler Fingersmith, mas não encontro a tradução à venda em lugar nenhum. E meu inglês não dá conta.
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