Confesso que quando comecei a ler Dois Garotos se Beijando, do David Levithan, dois dias atrás, não tinha grandes expectativas com esse livro. E como é bom estar enganada :D
Levithan escreveu também Will & Will, com o John Green, Garoto Encontra Garoto, e outros livros Young Adult com a temática LGBT como principal foco.
Craig e Harry vão fazer algo extremamente difícil. Eles querem bater o recorde mundial de beijo mais longo. Mais de trinta e duas horas se beijando, sem parar, e o motivo é muito mais que apenas um recorde. É provar que um beijo é um beijo, e não há nada de anormal em dois garotos se beijando. Mas Craig e Harry não são namorados, embora já tenham sido um dia. Talvez um dos dois não lide tão bem com isso quanto o outro.
Mas ainda assim, o motivo principal do beijo é um protesto, em especial depois que Tariq foi agredido violentamente, apenas por ser homossexual. Tariq sempre foi confiante, deslumbrante, até. Mas depois da agressão, e mesmo depois dos hematomas terem se curado, Tariq é outro, porque agora sente muito medo.
Ao mesmo tempo podemos acompanhar Cooper. Cooper está sempre online, em sites de encontros, seduzindo outros homens, mais jovens e mais velhos, fingindo que é alguém que ele não é, e incapaz de lidar com si mesmo. Mas o mundo de Cooper desmorona quando seu pai descobre o que o menino está fazendo, e Cooper perde o controle de tudo, em especial de sua raiva, sempre prestes a explodir, e foge.
Peter e Neil namoram há algum tempo, e são um casal extremamente fofo. A família de Peter sabe que ele é gay e o apoia imensamente. Amor é o que não falta para o garoto. Com Neil é um pouco diferente. Sua família também sabe de sua orientação sexual, mas não é algo escancarado como com Peter. Parece que o assunto é um tabu e Neil não se sente à vontade com isso. Seu amparo está em Peter, que sabe exatamente o que ele sente, mesmo sem que ele precise dizer.
Ryan tem cabelos azuis, e mora em uma cidade extremamente pequena. Ser gay em um lugar assim pode ser bastante solitário em alguns momentos. Mas em uma festa ele vê um garoto de cabelos rosa, Avery, e acompanhamos seus primeiros encontros. Mas Avery é transexual, e não sabe o como Ryan vai reagir quando souber.
As histórias são alternadas, apesar de ocorrerem simultaneamente, em lugares diferentes. Tudo ocorre em um período de 48 horas. A narrativa é feita em terceira pessoa, por alguém, ou vários alguéns, que já não estão por aqui. Logo no início é possível notar, embora não se diga no livro, que são os homens homossexuais que morreram de AIDS em torno da década de 80 que estão acompanhando os protagonistas.
Essa premissa pode parecer meio estranha a princípio, mas achei muito legal na prática, porque o livro é recheado de observações feitas por essas pessoas mais experientes, sobre o amor, as relações familiares, as descobertas, e principalmente sobre o futuro sempre poder ser melhor, que vão sempre acompanhando algo que está acontecendo na história.
O livro aborda diversos temas interessantes, e necessários, como a homofobia, o bullying, a aceitação pela família, os relacionamentos, a transexualidade. Mas não se restringem necessariamente ao ser homossexual, sendo que diversas situações narradas envolvem não ser gay, mas sim ser jovem, e estar começando a entender o mundo como ele é.
Então é isso. É um livro lindo, emocionante (quase chorei em três trechos, em especial), maduro, e cheio de frases marcantes, daquelas que dá vontade de anotar e reler sempre. Vale MUITO a leitura, ganhou cinco estrelas no Skoob, e indico totalmente pra todos, mas né, se você é menino, e gay, provavelmente vai ver sua vida totalmente transcrita em algum momento desse livro.
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