quinta-feira, 30 de julho de 2015

Resenha: Dois Garotos se Beijando


Confesso que quando comecei a ler Dois Garotos se Beijando, do David Levithan, dois dias atrás, não tinha grandes expectativas com esse livro. E como é bom estar enganada :D 

Levithan escreveu também Will & Will, com o John Green, Garoto Encontra Garoto, e outros livros Young Adult com a temática LGBT como principal foco.

Craig e Harry vão fazer algo extremamente difícil. Eles querem bater o recorde mundial de beijo mais longo. Mais de trinta e duas horas se beijando, sem parar, e o motivo é muito mais que apenas um recorde. É provar que um beijo é um beijo, e não há nada de anormal em dois garotos se beijando. Mas Craig e Harry não são namorados, embora já tenham sido um dia. Talvez um dos dois não lide tão bem com isso quanto o outro. 

Mas ainda assim, o motivo principal do beijo é um protesto, em especial depois que Tariq foi agredido violentamente, apenas por ser homossexual. Tariq sempre foi confiante, deslumbrante, até. Mas depois da agressão, e mesmo depois dos hematomas terem se curado, Tariq é outro, porque agora sente muito medo.

Ao mesmo tempo podemos acompanhar Cooper. Cooper está sempre online, em sites de encontros, seduzindo outros homens, mais jovens e mais velhos, fingindo que é alguém que ele não é, e incapaz de lidar com si mesmo. Mas o mundo de Cooper desmorona quando seu pai descobre o que o menino está fazendo, e Cooper perde o controle de tudo, em especial de sua raiva, sempre prestes a explodir, e foge. 

Peter e Neil namoram há algum tempo, e são um casal extremamente fofo. A família de Peter sabe que ele é gay e o apoia imensamente. Amor é o que não falta para o garoto. Com Neil é um pouco diferente. Sua família também sabe de sua orientação sexual, mas não é algo escancarado como com Peter. Parece que o assunto é um tabu e Neil não se sente à vontade com isso. Seu amparo está em Peter, que sabe exatamente o que ele sente, mesmo sem que ele precise dizer.

Ryan tem cabelos azuis, e mora em uma cidade extremamente pequena. Ser gay em um lugar assim pode ser bastante solitário em alguns momentos. Mas em uma festa ele vê um garoto de cabelos rosa, Avery, e acompanhamos seus primeiros encontros. Mas Avery é transexual, e não sabe o como Ryan vai reagir quando souber.

As histórias são alternadas, apesar de ocorrerem simultaneamente, em lugares diferentes. Tudo ocorre em um período de 48 horas. A narrativa é feita em terceira pessoa, por alguém, ou vários alguéns, que já não estão por aqui. Logo no início é possível notar, embora não se diga no livro, que são os homens homossexuais que morreram de AIDS em torno da década de 80 que estão acompanhando os protagonistas.

Essa premissa pode parecer meio estranha a princípio, mas achei muito legal na prática, porque o livro é recheado de observações feitas por essas pessoas mais experientes, sobre o amor, as relações familiares, as descobertas, e principalmente sobre o futuro sempre poder ser melhor, que vão sempre acompanhando algo que está acontecendo na história.

O livro aborda diversos temas interessantes, e necessários, como a homofobia, o bullying, a aceitação pela família, os relacionamentos, a transexualidade. Mas não se restringem necessariamente ao ser homossexual, sendo que diversas situações narradas envolvem não ser gay, mas sim ser jovem, e estar começando a entender o mundo como ele é.

Então é isso. É um livro lindo, emocionante (quase chorei em três trechos, em especial), maduro, e cheio de frases marcantes, daquelas que dá vontade de anotar e reler sempre. Vale MUITO a leitura, ganhou cinco estrelas no Skoob, e indico totalmente pra todos, mas né, se você é menino, e gay, provavelmente vai ver sua vida totalmente transcrita em algum momento desse livro. 

Dois Garotos se Beijando

Editora: Galera
Autor: David Levithan
Ano: 2015
Número de páginas: 224
Página do Skoob

sábado, 25 de julho de 2015

Resenha: Anexos

               

 Então, aqui é a Helena de novo, e como eu havia dito no post de Garota Online, eu vou estar fazendo algumas resenhas por aqui, e hoje trago a resenha de Anexos.

Anexos,um romance jovem-adulto, é o primeiro livro da autora Rainbow Rowell. Anexos porém,não é tão conhecido como Eleanor & Park e Fangirl, bestsellers recentes da autora.

O livro trás como protagonista Lincoln, um cara que mora com a mãe, que por não saber o que fazer vive se formando diversas vezes em faculdades, só teve uma namorada e não é bom em fazer amigos, mas como ele acabou de formar em um de seus inúmeros cursos, ele arranja um emprego em um jornal. Seu emprego não é nada comum; monitorar (ler) o e-mail de outras pessoas da empresa.

Nessa de ler os emails e mandar notificações em caso de emails com conteúdos impróprios ele se depara com conversas de duas mulheres, Beth e Jennifer, que discutem dramas pessoais por e-mail (vale citar aqui que a historia se passa entre o ano de 1999 e 2000). Ele acaba se envolvendo e se divertindo conhecendo as duas, e no livro podemos ler os emails junto com Lincoln e perceber que nas conversas a autora consegue deixar bem evidente traços da personalidade de Beth e de Jennifer.
Lincoln então acaba se envolvendo demais, mas ele tem medo de se apresentar e falar "oi, eu sou o cara que lê seus emails", mas ao mesmo tempo ele quer finalmente seguir sua vida e quando percebe, ele tem que tomar decisões importantes, finalmente amadurecer e descobrir o que realmente importa para ele.

Fiquei bastante animada com a premissa e com os personagens, mas o formato com que livro é escrito (emails, e narrativas, emails e narrativas, emails e ) torna a leitura enrolada, com várias e várias paginas sem acontecer algo muito legal que nos faça querer ler sem parar, porém os personagens são bastante divertidos, e você consegue captar traços dos personagens apenas pelas suas falas, através dos emails conseguimos conhecer Beth e Jennifer mais profundamente e através das narrativas conhecemos melhor a vida de Lincoln.

O livro também trás referências de atores e filmes (Beth é critica de cinema para o jornal) e músicas (Beth é namorada de um vocalista de uma banda).Indico sim a leitura por ser um livro fofo e muitas vezes bem engraçado.


Livro - Anexos

Anexos

Editora: Novo Século
Autor: Rainbow Rowell
Ano: 2014
Número de páginas: 368
Página do Skoob












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quinta-feira, 16 de julho de 2015

Resenha: Fim


Finalizei a leitura de Fim, da Fernanda Torres, e nada como um belo mix de emoções para coroar esse livro, que, afinal, é cheio de altos e baixos. 

Primeiro: SIM, é a Fernanda Torres atriz, que estamos acostumados a ver na televisão ou no teatro que escreve esse livro. A Fernanda Torres já tem publicado colunas na Folha de São Paulo e na Veja Rio fazem alguns anos, mas essa é sua obra literária de estréia. Mas o seu estilo jornalístico não foi abandonado, como notei logo de início, e, ao final do livro, a sensação foi de ter lido várias histórias separadas, que, em algum ponto, se unem, às vezes com fragilidade.

O cenário é o Rio de Janeiro, e a história é extremamente carioca. Álvaro, Sílvio, Ribeiro, Neto e Ciro são amigos de longa data. Mas não é sobre sua juventude, em si, que a história trata, mas sim sobre o exato momento de sua morte. Suas memórias passam pelas linhas em seus momentos finais, e eles refletem sobre seus arrependimentos, conquistas e juventude, que foi há muito tempo, e ao mesmo tempo está ali, marcada em seus últimos pensamentos. 

Cada personagem tem um capítulo principal, mas conhecemos um pouco deles em meio às histórias contadas também por seus amigos. Os capítulos são intercalados por outros, de pessoas próximas à eles, remoendo ou revivendo lembranças vividas com os protagonistas.

Mas a visão do mundo passada é essencialmente masculina, e pelos olhos de homens idosos, o que é bastante marcante. As frustrações da velhice, refletidas por suas personalidades fortes, como por exemplo Álvaro, que, impotente e amargurado, se tornou um verdadeiro ranzinza, ou Sílvio, um eterno junkie e amante do estilo de vida livre, é um idoso que afastou a todos em sua eterna festa. Ou ainda Neto, cuja fidelidade e retidão são contrapostas por sua solidão, em uma reflexão memorável. Ou Ribeiro, o solteirão romântico, o mulherengo que sofre com a incompreensão do sexo oposto. E finalmente Ciro, o herói de todos, o verdadeiro galã, que traz a tragédia de um grande amor.  

Mas o livro é extremamente melancólico. A leitura arrastada às vezes se torna mais lenta pelo excesso de emoções que o livro traz, e achei até meio difícil ler em alguns momentos por causa disso. Os personagens se encaminham pelo Fim, já anunciado pelo início de seus capítulos com resignação e reflexão, mas a sua análise de vida é, por vezes, triste.


Dei três estrelas no Skoob, acredito que esperava um pouco mais de um livro com essa premissa. Não consegui entender em alguns momentos o como personagens tão diferentes se tornaram amigos, e, às vezes, os relacionamentos foram rasos demais. Além do mais, mesmo diferentes, nenhum dos protagonistas fugiu ao clichê já esperado pela personalidade construída, até os seus últimos segundos.

Mas é um livro que definitivamente vale a pena ser lido! A língua portuguesa permite muitas "brincadeiras" que obras escritas em inglês originalmente não conseguem trazer, e a Autora utiliza isso com muita maestria, Então o estilo literário merece a leitura, por si só :D



  FIM 
  Editora: Companhia das Letras
  Autor: Fernanda Torres
  Ano: 2013
  Número de páginas: 208
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terça-feira, 14 de julho de 2015

Resenha: Garota Online



Vocês devem estar pensando, por que em nome de Godzila, a Stefanie leu esse livro?
Então devo me apresentar. Me chamo Helena, tenho 20 anos, e atualmente sou apaixonada por livros, principalmente romances, fantasias e aventuras. E ah, sou irmã da Stefanie. Com certa frequência farei uma colaboração de resenhas para o blog, com esses tipos de gêneros, para que possamos abranger à todos os gostos literários.

Bom, garota online (Girl  Online, originalmente), é escrito por Zoe Sugg, mas é mais conhecida como Zoella, famosa pelo seu canal de vlog no youtube, a Zoe ja ganhou vários prêmios de melhor blog e canal de beleza. Pra quem gosta, vale a pena conferir o canal dela clicando aqui

Penny Porter, assim como a escritora, é uma garota inglesa que mora na cidade de Brighton. Ela é estudante, mas não é uma garota muito popular, principalmente por ter um jeito muito desastrado e viver cometendo gafes, o que causa nela um certo receio de "ser ela mesma" na frente dos outros. Para isso, ela criou uma identidade secreta para seu blog, como garota online, o qual somente ela e seu melhor amigo Elliot tem conhecimento. No seu blog, ela conta tudo sobre sua vida, compartilha fotos que ela mesma tira (pois seu hobbie é fotografar), e ela sente que consegue se expressar, e sentir-se livre para agir naturalmente em anonimato.

A vida de Penny tem uma reviravolta interessante, quando em Nova york ela conhece Noah, que ela acredita ser o tão esperado amor da sua vida. Porém ele tem um segredo importante, e nem tudo da certo. Assim, ela tem que buscar forças e criar auto confiança para seguir em frente, o que tornou o livro muito inspiracional, pois além de sua auto estima, a protagonista luta para superar ataques de pânico.

 Para mim a parte mais legal do livro na realidade, foram as referências que a autora cita durante a história para pontos legais das cidades onde Penny está, que de fato existem (e que se você procurar no google vai ficar tão boquiaberta quanto Penny). 
No geral, foi um livro bom, pela leitura leve e rápida. E Zoe diz que já está escrevendo a continuação, o que é ótimo já que o final deste ficou meio incerto.





Editora: Verus Editora
Autor: Zoe Sugg
Origem: Estrangeira
Título original: Girl Online
Ano: 2014
número de páginas: 308
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quinta-feira, 9 de julho de 2015

Resenha - Caninos Brancos


Logo que eu terminei de ler Na Natureza Selvagem, que a resenha você encontra aqui, eu fiquei fascinada pelo escritor favorito do Chris McCandless, Jack London.

Fui procurar em algum sebo próximo do meu trabalho o O Chamado da Floresta, mas, como não achei, comprei Caninos Brancos.

Caninos Brancos é um cão-lobo - um cruzamento entre um cachorro doméstico e um lobo selvagem - que nasce em meio à natureza do Alasca. Ainda filhote, Caninos Brancos passa a viver em uma aldeia de índios, sendo criado como um cão.

O  livro é contado com uma dose altíssima de personificação do animal. Conhecemos seus medos, suas vontades, seus pensamentos, e tudo bastante humano. É essa a grande arte de Jack London, que consegue transmitir muito mais do que escreve, através dessa brincadeira animal/humano. 

Caninos Brancos cresce em meio a dois mundos, o selvagem e o domesticado, mas não pertence realmente a nenhum. Enquanto a natureza selvagem o chama, como caçador que é, Caninos Brancos tem a fidelidade ao ser humano, que trata como um deus, que só um cão tem.

Mas a servidão ao deus-homem tem seu preço, e, tratado com violência, e sem afeto, sua domesticação é traumática, e o torna gradualmente um lobo cruel, sanguinário e frio. E acompanhamos esse desenvolvimento da personalidade do animal, entendemos o que ele sente.Os sentimentos transmitidos por ele são tão humanos, que ficava aflita com a forma que Caninos Brancos era tratado, ao mesmo tempo que decidia, relutantemente, servir ao homem.

O livro ainda traz questões interessantes sobre a vida em condições inóspitas, a luta por sobrevivência, e a destruição de qualquer bondade presente em Caninos Brancos, até a tentativa de sua regeneração. 

A grande arte de Caninos Brancos é induzir o leitor à questionamentos humanos originados das emoções do animal. Esse "deixar de ser" para sofrer, ter dúvidas, ser maltratado, e ainda assim "vir a ser" algo, bem como a relação com a natureza selvagem e a natureza domesticada não só externa, mas com o interior do lobo sendo modificado, fazem com que o leitor se identifique, e até mesmo, como fez McCandless ao se aventurar no Alasca inóspito, percebam a natureza selvagem da própria alma.

O livro termina, como descobri depois, no mesmo lugar em que O Chamado da Floresta inicia, e é super legal essa "brincadeira" do autor, uma vez que O Chamado da Floresta conta a história de Buck, um cão que faz o caminho contrário de Caninos Brancos, e, retirado de seu conforto junto ao homem, aprende a viver em meio à natureza selvagem. 

Então é isso, vale MUITO a pena ler Caninos Brancos, a leitura é fácil, e é possível terminar o livro bem rápido, além de ser um dos grandes clássicos da literatura americana. 


Dei cinco estrelas no Skoob, é uma literatura um pouco diferente da que costumo gostar, mas é surpreendentemente agradável. 






Caninos Brancos - Jack London
Editora: L&PM
ISBN: 9788525411006
Ano: 2014
Páginas: 228
Página no Skoob




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segunda-feira, 6 de julho de 2015

Resenha: Star Wars Legends - Kenobi




Star Wars Legends - Kenobi, lançado pela Editora Aleph, é, antes de tudo, um presente para os fãs. A diagramação está caprichada, a arte da capa é linda, de qualidade, com o "Star Wars" com uma textura levemente emborrachada. Os cuidados com a edição, por si só, já tornam o livro peça obrigatória nas estantes de qualquer fã de Star Wars.

Mas, muito mais do que um livro bonito, é a oportunidade de conhecermos muito mais do já querido Obi-Wan Kenobi, nessa obra estilo faroeste criada por John Jackson Miller, um já conhecido escritor da Marvel Comics e Dark Horse Comics. Mas espere aí, faroeste? E Star Wars?

Essa é a grande sacada da obra. Acompanhamos Obi-Wan durante os acontecimentos ocorridos imediatamente após A Vingança de Sith, quando o ainda bebê Luke Skywalker é levado às pressas para Tatooine, para ser criado pelos Lars. 

Procurando se manter em meio ao deserto, para passar despercebido, Obi-Wan sente o peso de todos os acontecimentos recentes. A morte da maioria dos Jedis, a ascenção do Império, e principalmente, a culpa por ter, como acredita, assassinado Anakin, pesam sobre os ombros de Obi-Wan. 

Mas o Jedi, mesmo atormentado, conhece uma pequena comunidade que vive em meio ao deserto, se envolvendo principalmente com duas famílias, os Calwell e os Gault. E mesmo que tente se manter longe da vida na pequena comunidade, Ben, como alega se chamar, se envolve cada vez mais nos conflitos locais, Mesmo buscando se passar por um simples fazendeiro, seu lado Jedi parece sempre atrair problemas.

A maioria dos conflitos envolve os Tuskens, ou O Povo da Areia, uma espécie que vive em meio ao deserto, geralmente praticando atos de violência. Conhecemos os Tuskens em Uma Nova Esperança, mas este livro é uma grande oportunidade de conhecermos mais sobre sua cultura.

Aliás, o livro nos aproxima muito mais da vida em Tatooine, e principalmente de Obi-Wan, que mostra ser um grande Jedi, mas acima disso, uma pessoa legal, com uma grande sensibilidade para com todos. O livro é, aliás, como o título sugere, focado em Obi-Wan, que faz o caminho inverso que fez com seu mestre, Qui-Gon, anos antes, quando retirou o pequeno Anakin Skywalker do deserto. Agora, o pequeno Luke Skywalker retorna, nas mãos do mesmo Jedi.

Eu sou suspeita, claro, afinal não só sou uma grande fã de Star Wars e tudo o que envolve o Universo Expandido, mas também sempre tive uma adoração pelo mistério de Kenobi, agora um pouco mais desvendado.

Os personagens que fazem o apoio também são bem caracterizados, e os animais e cenários são fieis ao que se espera de um livro baseado em Star Wars.

Dei cinco estrelas no Skoob, e é uma literatura obrigatória para os fãs de Star Wars, mas pode, e vai, ser muito bem compreendido por quem não conhece nada da saga (existe realmente alguém que não conheça Star Wars?)



Editora: Aleph
Autor: John Jackson Miller
Origem: Estrangeira
Título original: Kenobi
Ano: 2015

Número de páginas: 528
Página no Skoob




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segunda-feira, 29 de junho de 2015

Resenha - Na Natureza Selvagem


Já fazem algumas semanas que li Na Natureza Selvagem, nomeado Into The Wild originalmente, obra de autoria de Jon Krakauer. 

Acho que essa obra é curiosa porque a maioria das pessoas conhece primeiro o filme, se apaixona, e depois vai procurar a obra literária, e foi assim que aconteceu comigo. E quem faz isso vai descobrir de cara que o estilo do livro e do filme são bem diferentes.

A narrativa narra a história real vivenciada por Christopher McCandless, jovem de família de classe média/alta que nasceu na Califórnia, em 1968. A família de Chris se mudou para a Virgínia, aonde ele cresceu. 

Chris se formou na universidade em 1990, finalizando estudos em história e antropologia, com excelentes notas, e seus pais tinham altas expectativas de que Chris cursasse Direito. Mas o distanciamento intelectual de Christopher em relação à sua família fez com que eles não notassem o desprezo para com o que ele descrevia como materialismo vazio, e a forma de agir da sociedade, em especial em relação aos seus pais. 

Assim, Christopher, após sua formatura, doa o seu dinheiro, deixa seus bens para trás e parte em uma jornada pelos Estados Unidos, passando a se chamar Alexander Supertramp, seguindo os ideais de  Thoreau, Leon Tolstói e Jack London, em busca de experiências novas e enriquecedoras. Dois anos depois, seu corpo é encontrado sem vida em um ônibus no Alasca.

Essas eram as informações iniciais que Jon Krakauer possuía, e a partir daí inicia sua pesquisa. O livro, mais que um relato bibliográfico, é uma narrativa imparcial do que Chris realizou enquanto viveu como Alexander Supertramp. 



Chris, ou Alex, como agora era conhecido, viajou, geralmente de carona, por boa parte dos Estados Unidos, e conheceu dezenas de pessoas em seu caminho, que sempre se apegavam à sua personalidade forte, sua simpatia e seu desprendimento. Ficava por meses em localidades, até se cansar e acabar partindo novamente. O autor mostra que Chris tentou, inclusive, se enquadrar na sociedade "padrão", trabalhando por certo tempo em um McDonalds, tentativa que mostrou somente para Chris sua natureza diferente da dos demais, incapaz de parar.

Em certo ponto, Chris resolveu que o ponto máximo de sua aventura seria ir até o Alasca, sem grandes recursos, na tentativa de sobreviver em meio à natureza selvagem. Provavelmente sua maior inspiração para a escolha do destino foi o livro The Call of the Wild, de autoria de Jack London, idolatrado por McCandless.


Na medida em que Krakauer narra a sua saga para chegar até seu destino final, notamos o como Chris estava decidido, e que sabia dos riscos que corria. Em data desconhecida, McCandless chega ao seu destino, 

Já no início, como narra seu diário, Chris encontrou um ônibus abandonado, e passa a morar ali. E passa quatro meses vivendo em meio à natureza em sua forma mais primitiva, o que é uma marca realmente surpreendente, dada a sua escassez de recursos. Mas, ainda assim, comete um erro, que é fatal, ao se envenenar com algumas bagas que colheu. Os efeitos da intoxicação foram fulminantes, e Chris morre. Seu corpo é encontrado duas semanas depois, sem vida, dentro do ônibus. A última entrada em seu diário mostra que, apesar de saber a iminência de sua morte em seus últimos dias, Chris está satisfeito.

Jon Krakauer é um jornalista, e como tal, a obra é totalmente em tom jornalístico. As narrativas são imparciais, e o autor não tenta supor emoções não claras em McCandless. Ainda, os capítulos são entrecortados por outras análises, em relação à família de Chris, e experiências vividas pelo próprio autor, além de, e achei isso especialmente interessante, pessoas que tomaram atitudes parecidas com a tomada por McCandless, muito antes deste, indo frequentemente ao seu destino final no gelo e desolação do Alasca. 

As aventuras de Chris são mais resumidas do que no filme, e, notadamente, narradas com menos fantasia, apontando uma visão jornalística do que o jovem realizou. Por consequência, a narrativa da aventura de Chris em si, em especial antes de sua chegada no Alasca, é bem reduzida, e narrativas paralelas é que dão um pouco mais de "volume" ao livro (que ainda assim é bem curto). 


Mas para quem viu o maravilhoso filme baseado na mesma história, vale a pena ler, afinal existem alguns detalhes que são omitidos na obra cinematográfica, e que na minha opinião refletem bastante a personalidade de Chris, como alguém menos sonhador, mas um pouco mais duro consigo mesmo e com todos ao seu redor. 

E quem não viu o filme, nem leu o livro, FAÇA AMBOS! Mas em especial, se apaixone pela fantasia mais suave e embelezada do filme (além de se apaixonar pela trilha sonora, que é um tópico à parte). 





Na Natureza Selvagem - Jon Krakauer
Editora: Companhia das Letras
ISBN: 9788571647879
Ano: 1998
Páginas: 214
Página no Skoob